Engenheiro eletricista formado pela UFRGS e mestre em Energia Fotovoltaica pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica (PROMEC) da Universidade, o técnico em nível superior Ricardo Augusto Pufal deixou um legado de melhorias no planejamento, construção e manutenção de sistemas elétricos e de telefonia ao longo dos 31 anos em que atuou na Universidade.
Nosso entrevistado do mês se graduou aos 21 anos e foi contratado um ano depois, em novembro de 1982, para atuar na manutenção do Campus do Vale. Sua capacidade e dedicação logo foram percebidos. De 1986 a 1994, foi prefeito do Campus, fazendo a gestão de mais de 200 técnicos administrativos, além de terceirizados. “Saí de lá com muitos amigos, o que me enche de orgulho”, indica.
Em 1988, fez uma prova e manteve o vínculo estatutário, amparado pela Constituição Federal. De 1994 a 1996, chefiou o Setor de Manutenção de Equipamentos. Também representou servidores técnico-administrativos no Conselho Universitário (CONSUN) em parte do período que Helgio Trindade era o reitor.
Em 1997, foi designado chefe do Setor de Teleinformática da Prefeitura Universitária, no Campus da Saúde, onde ficou até 2010. No período, também criava projetos para toda a área de manutenção do Campus Centro, da Saúde e setores afins. No final dos anos 90, com a privatização do setor de telecomunicações no Brasil e a abertura de mercado, coordenou licitações para a contratação de serviços de telefonia para a UFRGS.
“Na época, a Universidade pagava mensalmente em torno de R$ 100 mil a conta de telefonia móvel, valor que baixou para R$ 30 mil. Fizemos investimentos na Central e contratamos a instalação de um sistema que fazia ligações de celular para celular. Já a fatura de telefonia fixa para toda a Universidade passou a custar, em média, R$ 1 mil por mês. Pode ter certeza que, mesmo com todo dinheiro investido nas melhorias, a economia que foi feita não só pagou meu salário por todo o período que atuei na UFRGS, mas trouxe ganhos econômicos e ambientais à instituição. O legado que deixei ainda rende frutos. Fico muito feliz com a atuação que tive”, avalia.
Os desafios sempre foram constantes e os exemplos são inúmeros. Durante a chamada Crise do Apagão, ocorrida entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, que afetou gravemente o fornecimento e distribuição de energia elétrica no Brasil, Ricardo esteve diretamente envolvido na troca de lâmpadas convencionais da Universidade por lâmpadas eficientes, ação viabilizada pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Ele integrava a Comissão Interna de Redução do Consumo de Energia (CIRCE), que criava normas e medidas para atingir a meta de reduzir, por lei, em 25% o consumo de energia, meta atingida pelos servidores encarregados da tarefa.
De 2002 a 2004, também foi o responsável pela execução de obras fomentadas por um projeto que a PROPLAN havia encaminhado à FINEP, na ordem de R$ 2 milhões. “Reformamos e modernizamos dezenas de subestações do Campus Central da UFRGS, como a do Direito, da Economia, da Engenharia (tanto novo como velho prédio), da Química, do Salão de Atos, entre outras”, relata.
Ricardo lembra do importante apoio de vários colegas e equipes, mas destaca o papel fundamental da também técnica de nível superior Jussara Issa Musse na implantação de diversas melhorias. Ela foi diretora do Centro de Processamento (CPD) de dados da UFRGS por 20 anos.
Ele ainda recorda que batalhou por anos junto à Reitoria para que se instalasse uma subestação de 69kV no Campus do Vale, a fim de gerar custo menor por megawatt de energia. E, em fevereiro de 2019, já fora da Universidade, viu ela enfim instalada, integrando um conjunto de ações dentro do programa UFRGS Sustentável e inspirada no projeto que ele e colegas apresentaram no passado. O valor da conta de energia, diz, baixou em 25% com a mudança. “Prevíamos na época que a subestação se pagaria em menos de quatro anos, mas aconteceu muito antes disso, conforme fui informado”, diz.
“Se precisava ficar até mais tarde trabalhando ou ir mais cedo para cuidar de uma obra, jamais via problema”, comenta. Após sua aposentadoria, em maio de 2013, o mercado foi quem passou a ganhar qualificação através do know-how de Ricardo fora da UFRGS. Ele atuou como sócio da Inspect & Certify Engenharia, onde tocou grandes projetos em prédios públicos e privados junto com o amigo e ex-colega Clóvis Medeiros Rodolfo, também já entrevistado pela seção (confira aqui). O profissional continua atuando como engenheiro elétrico em diversos projetos, sempre atento ao mercado e às novas tecnologias. Atualmente, é sócio-gerente da Rhima Projetos e Consultoria.
Ricardo nasceu no Hospital Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, mas foi registrado em Viamão. “Tecnicamente, sou viamonense”, brinca. Filho único de Selma e Homero Pufal (in memorian), é casado com a nutricionista Marilene Amarante Pufal.
As filhas são seu orgulho e também egressas da UFRGS, como o pai. Milene, doutora em Nutrição e coordenadora de Pesquisa Clínica no Centro Clínico Mãe de Deus, e Nathália, doutora em Administração e consultora na divisão de Competitividade, Tecnologia e Inovação no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Washington, D.C.
Anahi Fros | Comunicação ATENS UFRGS