Cyrillo Severo Crestani se formou em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1959, onde, anos mais tarde, foi professor do curso no qual se graduou, sendo o arquiteto responsável por vários importantes projetos da Instituição. Ele passou a atuar como servidor da instituição em 1971, a convite do engenheiro Ivo Wolff, e que foi reitor da mesma de 1972 a 1976.
O desafio que recebeu era montar uma equipe com a função de projetar o novo Campus do Vale. “Minha função foi a de chefiar a equipe de Projetos de Arquitetura, enquanto o engenheiro Luiz Carlos Bortolini ficou com a tarefa de comando da construção”, revela.
Crestani conta que projetou a planta geral do novo campus no morro da Agronomia, cuja meta era abrigar todos os cursos da Universidade, menos os da Medicina e de Artes. Até que o plano foi repensado e ficou decidido não mais deslocar todos as unidades para o novo campus, o que afetou o projeto original, que, segundo o profissional, fez com que ele ficasse incompleto em termos urbanísticos.
“Toda a minha participação era de implantar o melhor possível os espaços que seriam ocupados pelos alunos e professores”, relata. Crestani também foi responsável pelos projetos da Escola de Enfermagem, prédio construído em 1985, em um terreno no Campus Saúde da Universidade, junto à Rua São Manoel, e do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da UFRGS (Ceclimar), cuja área escolhida para a construção foi um total 12 hectares localizados às margens da Lagoa de Tramandaí e antes pertencentes ao Patrimônio da União, cuja posse pela UFRGS ocorreu em 1978. O prédio central foi inaugurado em janeiro de 1983, hoje denominado de Administrativo, construído com recursos destinados pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e transferidos para a UFRGS através da Fapergs, além do apoio financeiro da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), Prefeitura de Tramandaí e Petrobras – Transpetro – Terminal Marítimo Almirante Soares Dutra.
E sabe o Edifício Santa Cruz, na Rua dos Andradas, erguido entre o final da década de 1950 e início dos anos 1960, que se mantém, até hoje, como o mais alto da cidade (ele tem 107 metros de altura e 32 pavimentos)? Leva na assinatura a capacidade profissional de Crestani.
O projeto era do arquiteto Carlos Alberto de Holanda Mendonça (1920-1956), um alagoano de família carioca que morava em Porto Alegre. Um mês depois de aprovado o projeto, aos 36 anos, ele faleceu. O arquiteto Jayme Luna dos Santos se associara ao escritório, assinando junto o projeto. Com o precoce falecimento de Mendonça, Santos levou Crestani para seu escritório, para atuar no desenvolvimento do Santa Cruz. Entre o primeiro projeto, aprovado em 27 de junho de 1956, e a conclusão da obra, em 1965, passaram-se quase dez anos.
Artista talentoso, sendo autor de inúmeras telas feitas com técnicas de aquarela em papel e desenho digital, Crestani ainda formou o grupo artístico Porto Sete em 2000, tendo sido aluno do Atelier Livre da PM. Ele assinou diversas exposições, entre elas, no Centro Municipal de Cultura, na Galeria Vera do Leopoldina Juvenil, no Espaço Cultural do Sinos Shopping, na Assembleia Legislativa do Estado e no Museu Joaquim José Felizardo.
Ele se aposentou em 1991, após 20 anos de dedicação à Universidade. Ao fundo de sua foto, que ilustra a entrevista, um de seus quadros, intitulado Árvore da vida.
Anahi Fros | Comunicação ATENS UFRGS