Já imaginou ser responsável por todas as compras e contratações de uma grande organização, seja uma leva de canetas esferográficas, passando por serviços de manutenção ou reforma de edificações, até o levantamento e encaminhamento de documentos de editais, licitações ou financiamentos, como para aquisição de microscópios eletrônicos de última geração?
Há 41 anos, essas têm sido algumas das principais atribuições de José João Maria de Azevedo, diretor do Departamento de Aquisição de Bens e Serviços (DELIT) da UFRGS, ligado diretamente à Pró-Reitoria de Planejamento e Controladoria (PROPLAN).
Em 1975, chegou a ser aluno da Universidade, quando começou a cursar Ciências Contábeis. Também passou pelo Direito, Arquitetura e Economia, nenhum deles concluído. Acabou se encontrando na Faculdade de Tecnologia de Processos Gerenciais, com graduação pela Universidade Castelo Branco (UCB-RJ). No decorrer da carreira, todas essas áreas de conhecimento acabaram se entrelaçando e sendo muito úteis, por conta das exigências da área que abraçou. “Elas me trouxeram uma bagagem de conhecimento teórico e prático de grande valia. Não existe teoria sem prática e vice versa”, analisa.
Azevedo, ou Zezinho, como é conhecido por muitos dos amigos que fez ao longo dos anos no ambiente acadêmico, foi contratado como servidor efetivo da UFRGS em 1981, trazendo na bagagem a experiência de dez anos no setor privado. Antes disso, de agosto de 1980 a julho de 1981, já atuava na instituição, mas como funcionário de uma empresa terceirizada pela Universidade para administrar o pessoal que executava as obras dos pavilhões do Campus do Vale, inaugurado em 1977.
Um estudo interno concluiu que a admissão direta de profissionais para fazer esse meio de campo com os operários seria menos custoso. Foi assim que Azevedo recebeu o convite para integrar a equipe do escritório técnico do projeto de ampliação do Campus.
O canteiro de obras tinha recebido peças de concreto pré-moldadas dos pavilhões, um modelo construtivo não convencional pioneiro até então no Rio Grande do Sul, que prometia mais velocidade à execução do traçado. Mesmo assim, como lembra Azevedo, era necessário providenciar todo o restante: alvenaria, pintura, instalações elétricas e hidráulica, entre outros.
Ele recebeu uma delegação do então reitor, Earle Diniz Macarthy Moreira, para assinar a admissão e demissão de todos os empregados. Por ele, recorda, passaram mais de 5 mil carteiras de trabalho. “Chegamos a ter até 800 funcionários trabalhando ao mesmo tempo em cada uma das diversas fases de construção das unidades”, conta.
Além do levantamento de ponto, folhas de pagamento, controle de frequência, logo sentiram a necessidade de contar com um núcleo de compras próprio. Dessa forma, somado aos recursos humanos, Azevedo passou a coordenar o novo setor.
Ele destaca que, a partir da Lei 8112/90, a demanda por contratações externas deixou de existir. Dessa forma, sua responsabilidade passou a ser totalmente focada nas compras e licitações, bem como com a prestação de contas aos órgãos de controladoria externa. Sua atuação no Vale se estendeu até 1992, quando foi transferido para o Campus Centro, onde se mantém até hoje. Além de dirigir o DELIT, Azevedo também é presidente da Comissão Permanente de Licitações da UFRGS.
Dos 23 reitores que já passaram pela Universidade, atuou junto a 11 deles. Tendo como norte de ações a integridade nos processos, é conhecido pela retidão de caráter e defesa do correto encaminhamento dos procedimentos administrativos. “Tanto que, durante todo esse tempo, em momento algum a UFRGS foi apontada por fraudes em licitações. Sempre digo que é muito mais fácil fazer a coisa certa do que inventar”, defende.
Hoje, Azevedo tem sob sua responsabilidade a coordenação de quatro divisões: de Execução da Licitação, de Importação, de Planejamento e Controle de Aquisições e de Preparo da Licitação. A equipe é enxuta e focada, são 15 pessoas para dar conta das tarefas.
Se aposentou em 2021, mas foi imediatamente recontratado, no mesmo cargo de direção. “Eles acham que ainda precisam um pouco de mim. Eu acredito que ainda tenho alguma coisa a entregar. Ainda consigo ajudar”, avalia.
Sobre a marca que vem deixando na UFRGS, ele finaliza, dizendo: “Como o próprio termo diz, somos servidores públicos. Não há porque fugirmos dos comportamentos padrão esperados dessa responsabilidade de servir. Essa é a marca que acredito que venho deixando, conduzindo as ações com toda lisura necessária”.
Anahi Fros | Comunicação ATENS UFRGS