Vera era uma jovem estudante de Física da UFRGS quando iniciou como bolsista na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ) – atualmente Pró-Reitoria de Pesquisa –, em março de 1978. A filha única de Waldyr Timm da Cunha, conferente no Porto de Porto Alegre, e Nair da Cunha, dona de casa, entrou na faculdade incentivada principalmente pela mãe, que sonhava em ver sua menina se formar e ter uma profissão. E ela deu muitos motivos de orgulho aos pais ao longo da carreira.
Após seis meses de atividades na PROPESQ, Vera foi cedida para a Secretaria de Pós-Graduação de Matemática. Por conta do empenho e seriedade com que assumiu as funções, foi convidada pelo então chefe do Departamento de Matemática Pura e Aplicada (DMPA) do Instituto de Matemática, Ruy Pinto da Silva Sieczkowski, para substituir a secretária do setor. Logo se inteirou das demandas, sendo efetivada em outubro de 1980, com carteira assinada pela UFRGS. Nesse meio tempo, concluiu a graduação em Física, em 1982. Em 1985, o Instituto se mudou para o Campus do Vale. No novo endereço, ela assumiu a Secretaria da Pós-Graduação de Matemática.
Em 1991, recebeu convite para um novo desafio: atuar junto ao Núcleo de Assuntos Disciplinares (NAD), então subordinado à Superintendência de Recursos Humanos (SRH) – e atualmente integrante da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas. O NAD é responsável pelas atividades relacionadas à apuração de possíveis irregularidades cometidas por servidores públicos (docentes e técnicos administrativos) e por discentes e à aplicação das devidas penalidades. Em 1997, por recomendação da Advocacia-Geral da União (AGU), o NAD passou a ser subordinado à Procuradoria-Geral da UFRGS à época. Em 2001, o Núcleo passou a contar com a supervisão técnica e orientação normativa da Corregedoria-Geral da União (CGU).
Vera assumiu a função de coordenadora do NAD em 2006, cargo que exerceu até sua aposentadoria, em setembro de 2019. Para somar conhecimentos à função, cursou Especialização em Gestão Pública e Planejamento, sendo diplomada em dezembro de 2014. Ao todo, foram 28 anos dedicados ao setor, onde, além de uma intensa vivência, acabou tendo contato direto com integrantes da Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF) e CGU.
“Era preciso ter uma postura bastante firme e compreender profundamente a legislação. Fiz cursos da CGU onde aprendi muito e que me deram lastro para a tomada de decisões. Infelizmente, após muita investigação e recolhimento de provas, houve casos em que tivemos de demitir funcionários por improbidade administrativa, impedindo assim que a Universidade e a comunidade acadêmica fosse prejudicada”, relata.
Aliás, a retidão nas ações é uma das características de Vera. “Ela conta que foi criada dentro de princípios onde a honestidade era fundamental para a tomada de qualquer decisão. “É algo que veio de casa e que levei para a vida. Ninguém é imune a erros. Mas jamais dei uma resposta errada, sempre fui precavida e me cercava antes de informações”, relata.
Vera ainda soma aos 41 anos de atuação como servidora pública o desafio de coordenar diversos concursos vestibulares, realizados tanto em Porto Alegre quanto em Bento Gonçalves, interior do Estado. “Apesar da responsabilidade, os anos em que atuei no interior ficaram na memória por serem excepcionais na convivência com os colegas que também atuavam e com as equipes dos colégios em que ocorriam os concursos”, recorda, saudosa.
Em um dos documentos e lembranças que guarda, e que resgatou para a entrevista, um questionário elaborado pela UFRGS, sem data, chama a atenção. Nele, Vera responde que ter entrado na Universidade como servidora foi particularmente importante em sua vida profissional. “Foi nessa condição que amadureci profissionalmente, apesar de ter me distanciado do curso que me formei. Acho que aprendi muito e, com isso, desenvolvi outros aspectos de conhecimento, ligados à área humana”. As palavras, datilografas em um papel, diz, continuam a fazer muito sentido.
Atualmente, ela se dedica a aulas de Inglês e continua ligada aos ex-colegas da Universidade principalmente pelos grupos de WhatsApp, como o de filiados da ATENS UFRGS, e também pessoais, estando sempre atenta aos grupos de discussão. Um de seus prazeres é viajar, acompanhada do marido, Vandair Santos. “É falar de um roteiro e ele já está de mala pronta”, brinca, celebrando a união e parceria de 27 anos.
Anahi Fros | Comunicação ATENS UFRGS